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TODAS AS DEUSAS DO MUNDO
Autor: Claudiney Prieto
Editora: Gaia
São Paulo 2000
2a Edição - 2003
352 páginas
Este livro é incrível, diferenciado e completo. Enumerar todas as Deusas do Mundo seria uma tarefa quase impossível. Mas temos um bom apanhado aqui, uma bela listagem de todas elas, ao menos, todas as que temos conhecimento e que tenha algum fundamento, com profundidade e história. Sim, todas as reais Deusas estão aqui, descartando as inventadas ou que não se tenha nenhum relato (ao contrário de santos, que muitas vezes são inventados, ou apenas mártires canonizados). A Deusa tem mil nomes e facetas e somos livres para cultuá-la da forma que melhor sentirmos (e não acharmos), ao contrário de outras religiões e seitas onde se cultuam um único Deus ou profeta, e sempre masculinos. Chega de machismo! Até nas divindades, o machismo impera? Até nisso o Homem (ser humano) quer manipular o que acham ou o que são as entidades? O escritor, sacerdote Claudiney Prieto já retrara em suas palavras iniciais no livro com ousadia, essa realidade que nunca muda e nunca irá mudar por completo, onde em um planeta que escraviza e mata as mulheres. Para aguçar a sua curiosidade e instigá-lo a ler o livro, aí vai um trechinho da introdução do autor: “Todas as mulheres que buscavam por seus direitos sociais e políticos encontraram na religião da Deusa um porto seguro. Existem Deusas que possuem inúmeros aspectos de Divindades masculinas, por isso, nem sempre é necessário recorrer à um Deus quando encontramos numa DEUSA as mesmas funções e características de uma Deidade masculina. Aliás, isso deveria ser preferível, pois, como fomos oprimidos, tolhidos e massacrados durantes séculos por uma SOCIEDADE PATRIARCAL, recorrer a uma Divindade Feminina quando esta possui as mesmas características de um Deus, é uma forma de buscar o equilíbrio.”
As Deusas femininas não devem ser tratadas com desdém só porque são Deusas e não um Deus. Por isso, o livro é um passo-a-passo, como: rituais para as Deusas; uma auto-ajuda com Deusas; unindo dois corações com Afrodite; resgatando a auto-estima com Afrodite; abrindo caminhos com a Deusa Pele; engravidando com a ajuda da Deusa Flora; contatando as Fadas com Aine; curando doenças com a Deusa Airmid; consagrando ervas com Airmid; investindo com poder de cura com a ajuda de Brigit; saindo da depressão com a proteção de Amaterasu; afastando os maus espíritos com Aradia; superando separações afetivas por intermédio de Ariadne; lembrando de vidas passadas com Arianrhod; encorajando mudanças positivas com Ártemis; selando seu livro das sombras com Atena; e muitos outros procedimentos eu vão facilitar a sua vida, resolver seus problemas e aprofundar a sua vida na bruxaria.
Há ainda partes especiais, como o Glossário das Deusas, onde Claudiney enumerou outras Deusas menos conhecidas (mas não menos importantes), um compendio de ervas e aromas associados às Deusas para serem usados em rituais, mais as Deusas e Ciclos Sazonais associadas as estações do ano; uma pequena tabela de Deusas e suas funções como: Deusas criadoras, Deusas do amor, Deusas dos animais, Deusas das árvores e plantas e ervas, da agricultura, da sorte e prosperidade, da cura, do destino, da fertilidade, da justiça, da guerra, fogo, proteção, sabedoria, terra, música, inspiração, magia, nascimento, da morte e nascimento, do lar e família. Ou seja, há Deusas para tudo!
Ainda, associação Delas com os elementos (terra, fogo, água, ar), seus respectivos cristais e pedras e até como se pronunciar corretamente o nome Delas. Assim, você tem todas as informações e onde o seu coração bater mais forte, você poderá se identificar com alguma (s) Dela (s) para uma necessidade emergencial, para um ritual com um fim específico ou a celebração de honras.
Claudiney tomou o cuidado minucioso para um ritual completo com Deusas femininas e detalhes para se trabalhar com segurança e sem dúvida, o ritual com elas deixa tudo mais prazeroso, alegre, vontade de se fazer mais rituais ainda. O escritor reuniu a invocação, os símbolos, o dia, as cores e aromas das Deusas, facilitando a sua consulta.
Este livro nos auxilia na nossa caminhada na bruxaria, para fazê-la com discernimento e com tantos depoimentos, mostrando que elas existem sim! E Elas estão a sua espera, não marque toca, vá de encontro a elas! AD

O ABC DA BRUXARIA

Autor: Claudiney Prieto
Editora: Gaia
São Paulo 2002
120 páginas
Bruxaria: esta palavra lhe parece familiar? Tens medo, repulsa, acha bobagem. Coisa de louco ou que isso pertença ao diabo, e que a magia é maléfica? Antes de passarem mil pensamentos e perguntas em sua cabeça (para você, claro que ainda não está familiarizado com isso), entre outras dúvidas e “pré-conceitos”, eu lhe recomendo a ler este livro (claro, também o recomendo e principalmente para quem já é bruxo, mas quer aprender ainda mais sobre a Arte). O ABC da Bruxaria é para todos que decidiram trilhar o caminho da liberdade espiritual e de pensamento. O escritor, mago, sacerdote Claudiney Prieto, sabendo que existem hoje em dia milhares de pessoas Brasil afora tomando a sábia decisão de seguir o caminho da Deusa, transformado este livro num verdadeiro manual com respostas para as dúvidas mais freqüentes de quem queira se iniciar no caminho da magia. E para uma pessoa leiga, que acha que uma bruxa é aquela que com verruga no nariz que faz poções com asa de morcego e bico de coruja e olho de lagarto, o livro é mais do que recomendado, para que se desfaça da sua cabeça as idéia errôneas e maldosas e premeditadas de cristão, família e sociedade. O ABC da Bruxaria é indicado para todos àqueles quem tem sede de conhecimento, sabedoria e da Verdade.
O grande problema que uma pessoa enfrenta quando ingressa na bruxaria é: por onde começar? O que é certo e o que é errado? O que procede e o que não procede? O que é realidade e o que é folclore? O que é mentira e o que é lenda? Pois hoje, todos nós temos centenas de opções de livros, centenas de sites e centenas de escolas de bruxaria e magia. Mas quantas são idôneas e realmente seguem o caminho correto? Um indicador é que no início, as pessoas irão atrás de livros menores e mais fáceis de se ler e entender, como se estivessem começando com uma cartilha “Caminho Suave”. Os livros maiores, mais profundos e ocultistas, ficam para os já iniciados.
E aqui está o grande trunfo deste ABC da Bruxaria que é de fato, um abcedário do tema. Fácil de ser ler, numa linguagem direta, sem retóricas, sem parábolas nem metáforas, simplificando coisas que se transformaram em dilemas nas vidas de muitas pessoas por muitos anos a fio. Aqui temos práticas simples (obvio, que não citarei nenhuma – você precisa ler o livro para saber), com conhecimento verdadeiro e profundo do assunto.
O livro reúne partes básicas e necessárias para você começar a trabalhar e conhecer a magia. O que é a bruxaria, o que significa, no que consiste, como funciona um ritual, o que é e pra que serve um altar e o que se coloca nele e como se coloca, quais são os instrumentos de uma bruxa, como usá-los, se uma bruxa pratica magia sozinha ou entra em um grupo de estudos ou em alguma tradição, como é uma iniciação, e até uma espécie de FAQ (frequent asked questions), do tipo: bruxos seguem e adoram o diabo? Existem sacrifícios humanos e de animais na bruxaria? Existem orgias e bacanais? Além de desmistificar várias coisas criadas pela igreja por dois milênios, também explica coisas do tipo: o que é paganismo? Qual a conexão entre bruxos e a natureza? O que é um círculo mágico, abrindo e fechando ele? Quadrantes?
O autor é pioneiro na Wicca no Brasil e um dos autores mais respeitados no Brasil, e este livro ajudará a tirar todos os ranços e estigmas, que aumentaram desde a Inquisição da Idade Média, iniciada pelo Papa Lúcio III em 1184, inspirado em escritos de Santo Agostinho, fortalecendo no papado de Inocêncio III (1198-1216) e o Concílio de Latrão (1215) e de 1231 à 1234, Gregório IX multiplicou pela Europa os tribunais de Inquisição. Na época, a inquisição cometia torturas aos bruxos com: espada, machado e cepo, garrote, emparedamento, gaiolas suspensas, rodas para despedaçar, serra, submersão em azeite, empalamento, cremação, mesa de testas, esmagador de polegares, extensão, destroçador de seios, enxada de estiramento, quebrador de joelhos. Sim, a inquisição era esta. Então não temos mais Inquisição? Negativo. Hoje, a Inquisição é o preconceito, a ignorância, imposição das religiões cristãs, principalmente a evangélica, que ás vésperas do Halloween, ficam fazendo textos na Internet criticando, falando mal, colocando maldade nas inocentes crianças, jejuando, orando e protestando em frente á lojas de brinquedos, zombando e enfim, acometendo todo o tipo de maldade, crueldade, por pessoas na verdade de boazinhas não tem nada, e sim, são gananciosas, achando que “puxando saco de Deus e dos pastores” serão privilegiados no “reino dos céus”. Ou seja, a violência física não existe mais. Mas a moral e psicológica, talvez seja até maior!
Não tenha medo, nosso país é (ao menos tenta ser) democrático. E o ABC da Bruxaria tem papel fundamental nisso, para ajudar a desvendar um pouco dos véus da ignorância que vendam os olhos de milhões de brasileiros. AD


O CÉU ABERTO NA TERRA     
Uma Leitura Dos Cemitérios na Geografia Urbana de São Paulo

Autor: Eduardo Coelho Morgado Rezende
Editora: Necrópolis
São Paulo 2006
184 páginas

Você gosta de ir a cemitérios? Alguns vão responder que sim e outros que não, mas para quem ama visitar cemitérios rotineiramente e ainda mais os Dark Góticos, eu recomendo esse livro que trata desse local sagrado. O valor histórico, e repito, sagrado daqui de São Paulo, a leitura feita pelo professor de geografia Eduardo Coelho Morgado Rezende em suas diversas estruturas e contextos de vários tipos de cemitérios que existem na cidade, trás ao leitor uma idéia da importância deste lugar. O livro mostra como foi feita a transição, valorização do espaço via cemitérios, um pouco de história em termos de partilhas, doações de espaços de terra para os cemitérios, critérios de instalação das necrópolis, comportamentos de vizinhos ao lado, além de algumas descobertas e curiosidades cemiteriais que aguçam aqueles que amam este lugar, e sabe a sua importância em abrigar a morte, que tem o mesmo valor que a vida. Afinal, se não existisse a morte, não existiriam cemitérios. Portanto, todos os Dark’s devem respeitar e zelar por estes lugares.
O enfoque do livro abrange desde o lado informativo e histórico, das pessoas ali enterradas e no bairro e região em que se situam (inclusive com brigas entre políticos, religiosos, a Igreja, sociedade e comunidade), como também na questão turística e ambiental. Um retrato da pouca cultura de nosso país, pois em todos os lugares do mundo, os cemitérios e todo o tipo de necrópole são um dos pontos altos de visitação turística e aqui no Brasil, não se oferece informação nem estrutura adequada para isso (o que existe ainda é precário e pouco funcional). O agravante é que, os turistas brasileiros, em outros países, visitam mais cemitérios do que quando estão no próprio  Brasil.
A localização dos cemitérios em São Paulo foi denominada de acordo com a necessidade sócio-espacial. O cemitério era utilizado como o limite da urbanização. Ou seja, em cada bairro/região, eles eram colocados no limite, no “fim”, na borda, periferia do bairro, geralmente, como se fosse algo que ficasse o mais distante dos olhos da sociedade (era olhado quase como olhamos os lixões e aterros sanitários hoje em dia, além de cadeias e penitenciárias – ninguém queria por perto). Muito medo com relação a saúde e transmissão de doenças fez com que, muitos cemitérios mudassem de lugar. Um destes casos, resultantes destas brigas, é o Cemitério da Consolação, onde originalmente foi projeto para ser construído no “Campo Redondo”, hoje Praça Princesa Isabel, bairro da Luz.
Com isso, foi campo de especulação de loteadores, que, a princípio, eram doadores de terras para suas construções, mas no fundo, viam que num futuro não muito distante, valorizaria suas terras.
O Cemitério dos Aflitos (o primeiro da cidade de São Paulo) foi criado para abrigar os excluídos do sistema oficial de sepultamentos comandado pela Igreja Católica. O livro também mostra com isso que, a explosão demográfica da cidade e também o crescimento da desigualdade social, mostrava cada vez mais que existiam dois tipos de “morte”: a dos ricos e a dos pobres. Foi assim, que foi construído em 1949 o cemitério da Vila Formosa, para abrigar a explosão demográfica mortuária, se podemos dizer assim (afinal, a matemática mais lógica do mundo: quanto mais nascimentos, mais mortes). As sepulturas eram renováveis e não existiam jazigos. Ainda hoje, por volta de 30 enterros diários são realizados no local.
Sendo assim, o livro mostra que cada cemitério tem um porquê de ser: sua localização, sua formatação, tamanho e etc. E o autor nos faz refletir em outra questão obvia, mas que passa desapercebida para muitos: no começo, na relação igreja-cemitério, as pessoas que professavam outras religiões ficavam excluídas.
Assim surgiu o cemitério dos Protestantes, criado inicialmente para atender os luteranos e presbiterianos. Tanto que o primeiro rabino de São Paulo, João Azmalak, foi enterrado lá, pois não havia um cemitério judaico na cidade. Em 1922, foi construído um anexo no cemitério na Vila Mariana e os islâmicos têm cemitérios específicos para sepultamento, em Guarulhos. AD

METRÓPOLE DA MORTE, METRÓPOLE DA VIDA
Um Estudo Geográfico Do Cemitério Da Vila Formosa
Autor: Eduardo Coelho Morgado Rezende
Editora: Carthago
2a Edição revista e ampliada
São Paulo 2006
108 páginas
Como falado na resenha do livro anterior, O Céu Aberto Na Terra, o fator geográfica determina grande parte dos cemitérios no mundo todo, e como o foco foi a cidade do autor, São Paulo, é daqui que se é falado. Lembrando que, geografia envolve a parte política e humana do ser humano, em ambiência com o fator topográfico, climático e ecológico. Foi fazendo este trabalho de estudo no Cemitério da Vila Formosa, que o autor acabou desenvolvendo um apanhado, um resumo dos demais cemitérios da capital paulista. Sendo assim, Metrópole Da Morte, Metrópole Da Vida aborda este lado específico, do cemitério da Vila Formosa, o maior da América latina. Dos cerca de 40 cemitérios existentes na cidade de São Paulo, o da Vila Formosa até por esse fato é o que merece mais respeito! Por sua grandeza, ele ensina muito sobre a morte e a vida. Até por isso, esse é o título do livro, pois morte e vida são uma coisa só!
Muitas pessoas, principalmente a elite, desprezam este gigante de mais de 760 mil metros quadrados. Justamente por ser um cemitério mais “simples”, sem toda a arte e pompa arquitetônica dos demais, como o do Araçá e o da Consolação. Por ser um cemitério de “pobres”, sofreu com descaso até das autoridades de todos estes anos desde a sua construção em 1949. Nele, milhares de pessoas simples foram enterradas, muitos retirantes inclusive, que deixaram suas famílias no nordeste e viviam muitas vezes sozinhos aqui e não tinham como ter seu corpo transportado para sua terra natal.
O que dá dor na alma é saber que a maioria dos góticos ignoram este cemitério, que tem tanta história e tanto significado. O pessoal só tem interesse em ir ao cemitério para fazer arruaça e se for para admirar e tirar fotos tem que ser das grandes esculturas, ou seja, só enxergam a matéria, e não a sensação que o ambiente transmite. Eles não percebem que o que o cemitério tem de emblemático não é nenhuma construção material e sim a concentração de vidas que ali habitam, pois a morte do corpo não significa a morte do espírito.
Voltando à parte técnica do livro, e voltando a este gigante que é o cemitério da Vila Formosa, o professor Eduardo mostra de maneira global entre as atividades sócio-espaciais, a sua parte geográfica e do terreno cemiterial, exemplificando o comportamento de pessoas perante o dia de finados e é claro, não esqueceu de citar em seus estudos, nós os Dark’s (Góticos), e nos respeitando como agentes sociais e não com ignorância e preconceito como muitos fazem por aí.
Quanto aos que não acham a beleza tumular ali, desafio você a ler o livro, pois isso o fará ter uma outra visão do fato. Apesar de técnico, o autor nunca se furta de mostrar o cemitério como um lugar lúdico e até mágico (e o é), apontando também para o terrível problema da capital de São Paulo (e de quase todo o mundo) que é a falta de espaço para tudo, até para morrer! Precisamos pensar e planejar no urbano, sem ter mais aquela visão dominadora das religiões e encarar de fato a vida após a morte, para que sejamos, individualmente e coletivamente, independentes de conceitos arcaicos que nada mais servem do que dominar a nós. Este sistema dominante, não só domina a própria pessoa, como faz com que ela seja um fiscal das demais que não são dominadas, como um papagaio que só repete o que escuta e não pára por um momento para pensar, ver se tudo isso funciona e muito menos recorrer a literaturas como O Céu Aberto Na Terra e Metrópole Da Morte, Metrópole Da Vida, para abrir mais a sua mente e a vivenciar esse mundo, pois o autor jamais se restringe com os seus escritos como meros artefatos eruditos. São livros práticos sim! AD