O White Album do Gothic Metal!
Entrevista: Júlio César Bocáter.
Foto: divulgação.
Se o Sentenced é tido como uma das bandas mais depressivas e melancólicas de todos os tempos, agora é que todos os seus fãs vão se afundar em prozac. Pois a banda anuncia o seu fim com o The Funeral Album. Seu guitarrista Sami Lopakka foi quem nos deu a má notícia.
Por que o Sentenced vai acabar?
Sami Lopakka – Bem, estamos acima de tudo cansados. Estávamos falando sobre isso há muitos tempos e há muitas razões para isso. Está sendo um sacrifício conciliar nossas vidas com a vida dura de uma banda na estrada, gravando discos, indo pra estrada, gravando outro disco e etc. Pra nós, ou é tudo, ou nada, e como não poderemos dar de tudo mais de nós, decidimos parar.
Conte-me sobre The Funeral Album.
Lopakka – Realmente é diferente fazer um álbum sabendo que a banda vai acabar. Mas o processo foi parecido com os discos anteriores. Depois de 16 anos de carreira, fizemos mais um álbum especial, do qual nos orgulhamos muito, de encerrar a carreira com um álbum tão bom como The Funeral Album.
Este seria o ”White Album" do Sentenced? (risos – uma alusão ao último álbum dos Beatles).
Lopakka – (risos) Sim! (Mais risos) Essa foi boa!
Mas vocês vão fazer uma turnê promovendo o álbum?
Lopakka – Sim, tocaremos em vários festivais de verão na Europa entre outros shows como Headliner, até setembro, onde faremos um show fechado, em uma casa fechada, num longo set com quase tudo da carreira e faremos um DVD deste show de setembro, que será o último do Sentenced.
Nós brasileiros, nunca vimos o Sentenced aqui, e não veremos nunca? Pois não creio que até setembro alguém consiga trazer vocês até aqui.
Lopakka – Bem, nós recebemos muitas cartas e e-mails de fãs brasileiros, e sabemos que vendemos muitos discos aí. Sempre quisemos tocar no Brasil, sempre falaram que vocês aí são muito calorosos, mas creio que nunca poderemos provar disso...
No Brasil, o Metal finlandês é muito grande. Bandas como Stratovarius e Nightwish são gigantes aqui e outras como Children Of Bodom e Sonata Arctica tem bom público. O Sentenced seria a quinta força finlandesa no Brasil, mesmo nunca tendo tocado aqui, o que aumentaria ainda mais seu público. O que você sabe sobre a força do Metal finlandês aqui?
Lopakka – Sim, sei disso tudo, todos falam isso e é uma pena. Mas fico orgulhoso de termos contribuído para que a cena da Finlândia tenha atravessado o Atlântico Sul. O que talvez explique esse sucesso aí, apesar de serem dois países tão diferentes e longes um do outro, é a melancolia que a música finlandesa passe e talvez os Metalheads do Brasil gostem e sejam melancólicos também.
Uma curiosidade, no álbum Frozen vocês fizeram várias covers de diferentes estilos, como Digging the Grave (FNM), Creep (Radiohead), I Wanna Be Somebody (WASP) e House Of The Rising Sun (Animals). Vocês gostam de todas estas bandas, de todas estas músicas e de todos estes estilos?
Lopakka – Sim e não, mas musicalmente somos bem ecléticos, e a escolha destes covers foi bem democrática. São todas estas influências, desde o Alternativo até o Hard Rock e os anos 60 que fazem o Senteced ser o que é.
Para mim, Crimson é o melhor álbum do Sentenced. Como você vê ele hoje?
Lopakka – Bem, para mim é difícil dizer isso, pois para mim todos os álbuns são os melhores. Mas sem dúvida, foi o CD que nos projetou mundialmente e o mais bem sucedido.
O Sentenced conseguiu criar um estilo diferente dentro do Metal, um tipo específico de Gothic Metal. Toda semana, recebemos aqui demos e Cds de bandas do Underground, no Brasil e no mundo, que são clones do Sentenced. O que você acha disso?
Lopakka – Eu sinto muito orgulho disso tudo! É ruim para estas bandas, que poderiam criar o seu estilo próprio, mas pode ser que com o tempo eles consigam isso. De qualquer forma, é bom saber disso, que conseguimos ser influentes numa cena difícil como a do Heavy Metal.
Há alguma oportunidade de algum retorno ou reunião do Sentenced no futuro?
Lopakka – Não. Isto seria fantástico, mas não estaremos interessados nisto. Na última vez em que quase acabamos, nós já voltamos, estão, este é o final da história mesmo.
Como está a banda paralela do vocalista Ville Laihiala, o Poison Black, em que ele apenas toca guitarra?
Lopakka – Assim que o Sentenced for para a cova, em setembro, em outubro ou novembro será gravado o segundo álbum deles, a sair em 2006 e creio que eles vão herdar muitos fãs do Sentenced.
Algum outro membro do Sentenced tem outro projeto além do Poison Black?
Lopakka – Musicalmente acho que todos vão parar. Eu vou dar início em outro projeto meu, que é escrever um livro...
Sobre o Sentenced?
Lopakka – Não, são histórias fictícias, um livro de ficção. Mas tem a ver com as turnês do Sentenced e coisas sobre os bastidores. |